MUDAMOS DE ENDEREÇO

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domingo, 24 de agosto de 2008

ONDE ANDARÁ O MEU DOUTOR? ( procura-se o autor )


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Hoje acordei sentindo uma dorzinha,

aquela dor sem explicação, e uma palpitação,

resolvi procurar um doutor,

fui divagando pelo caminho...

lembrei daquele médico que me atendia vestido de branco

e que para mim tinha um pouco de pai, de amigo e de anjo...

o Meu Doutor que curava a minha dor,

não apenas a do meu corpo mas a da minha alma,

que me transmitia paz e calma!


Chegando à recepção do consultório,

fui atendida com uma pergunta:

QUAL O SEU PLANO? O MEU PLANO?

Ah, o meu plano é viver mais e feliz!

é dar sorrisos, aquecer os que sentem frio

e preencher esse vazio que sinto agora!

Mas a resposta teria que ser outra...


o MEU PLANO DE SAÚDE...

Apresentei o documento do dito cujo

já meio suado, tanto quanto o meu bolso, e aguardei...

Quando fui chamada corri apressada,

ia ser atendida pelo Doutor,

aquele que cura qualquer tipo de dor,

entrei e o olhei, me surpreendi,

rosto trancado, triste e cansado...

será que ele estava adoentado?

é, quem sabe, talvez gripado

não tinha um semblante alegre,

provavelmente devido à febre...

dei um sorriso meio de lado e um bom dia...

sobre a mesa, à sua frente, um computador,

e no seu semblante a sua dor,

o que fizeram com o Doutor?


Quando ouvi a sua voz de repente:

O que a senhora sente?

Como eu gostaria de saber o que ELE estava sentindo...

parecia mais doente do que eu, a paciente...

Eu? ah! sinto uma dorzinha na barriga e uma palpitação

e esperei a sua reação,

vai me examinar, escutar a minha voz

auscultar o meu coração...

para minha surpresa apenas me entregou uma requisição e disse:

peça autorização desses exames para conseguir a realização...

quando li quase morri...


TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA,

RESSONÂNCIA MAGNÉTICA

e CINTILOGRAFIA!


ai, meu Deus! que agonia!

eu só conhecia uma tal de abreugrafia...

só sabia o que era ressonar (dormir),

de magnético eu conhecia um olhar...

e cintilar só o das estrelas!

estaria eu à beira da morte? de ir para o céu?

iria morrer assim ao léu?

naquele instante timidamente pensei em falar:

terá o senhor uma amostra grátis

de calor humano para aquecer esse meu frio?

que fazer com essa sensação de vazio? e observe, Doutor,

o tal Pai da Medicina, o grego Hipócrates, acreditava que

A ARTE DA MEDICINA ESTAVA EM OBSERVAR.


Olhe para mim...

bem verdade que o juramento dele está ultrapassado!

médico não é sacerdote...

tem família e todos os problemas inerentes ao ser humano...

mas, por favor, me olhe, ouça a minha história!

preciso que o senhor me escute, ausculte

e examine!

estou sentindo falta de dizer até aquele 33!

não me abandone assim de uma vez!

procure os sinais da minha doença e cultive a minha esperança!

alimente a minha mente e o meu coração...

me dê, ao menos, uma explicação!

o senhor não se informou se eu ando descalça... ando sim!

gosto de pisar na areia e seguir em frente

deixando as minhas pegadas pelas estradas da vida,

estarei errada?

ou estarei com o verme do amarelão?

existirá umas gotinhas de solução?

será que já existe vacina contra o tédio?

ou não terá remédio?

que falta o senhor me faz, meu antigo Doutor!

cadê o Sccot, aquele da Emulsão?

que tinha um gosto horrível mas me deixava forte

que nem um Sansão!

e o Elixir? Paregórico e categórico,

e o chazinho de cidreira,

que me deixava a sorrir sem tonteiras?

será que pensei asneiras?

Ah! meu querido e adoentado Doutor!

sinto saudades

dos seus ouvidos para me escutar,

das suas mãos para me examinar,

do seu olhar compreensivo e amigo...

do seu pensar...

o seu sorriso que aliviava a minha dor...

que me dava forças para lutar contra a doença...

e que estimulava a minha saúde e a minha crença...

sairei daqui para um ataúde?

preciso viver e ter saúde!

por favor, me ajude!

Oh! meu Deus, cuide do meu médico e de mim,

caso contrário chegaremos ao fim...

porque da consulta só restou uma requisição

digitada em um computador

e o olhar vago e cansado do Doutor!

precisamos urgente dos nossos médicos amigos,

a medicina agoniza...

ouço até os seus gemidos...

Por favor, tragam de volta o meu Doutor!

estamos todos doentes e sentindo dor...

e peço, para o ser humano, uma receita de calor,

e para o exercício da medicina uma prescrição de amor!

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