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quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Solnado recusa "apodrecer de pijama"


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O ator e humorista português, Raul Solnado, que aos 78 anos dirige a Casa do Artista em Lisboa e dá aulas de teatro, recusa-se a “apodrecer de pijama”, enquanto o professor universitário Adriano Moreira, 85 anos, considera que se confunde “idade com inutilidade”.

“Não me vejo a apodrecer de pijama. Gosto muito de viver e gosto muito de gente, não tenho nada com a solidão, os pijamas e pantufas”, disse Raul Solnado à agência Lusa no final de uma tertúlia sobre a vida activa dos séniores, que decorreu quinta-feira à noite no Casino da Figueira da Foz.

O ator, que começou a carreira no teatro há 61 anos, destaca a importância das “boleias da juventude” que apanha com os seus jovens alunos, moeda de troca para a experiência de palco e de vida que vai transmitindo nas aulas.

“Eles apanham boleia da minha experiência. Criamos uma coisa muito agradável, totalmente informal”, resumiu.

Intervindo durante a tertúlia “Velhos São os Trapos”, dinamizada pelo jornalista Carlos Pinto Coelho, Raul Solnado admitiu, no entanto, que os jovens de hoje, no geral, “não ouvem os mais velhos”.

“A juventude de hoje não nos ouve e tem razão, porque sabe mais do que nós. Ouçam-nos, queremos que nos ouçam, já tropeçámos 14 vezes na vida, sabemos como se tropeça”, argumentou.

O humorista disse, também, “não ter grandes comentários a fazer” sobre as vivências da chamada terceira idade, considerando que as idades “não se podem medir”.

“Eu tenho os anos todos, tenho dias que tenho sete, outros 15, outros 90. Da terceira idade não sei, sei do mundo do espectáculo e de pedaços de vida avulsos”, frisou.

Outro dos convidados da tertúlia, o professor universitário e especialista em Ciência Política e Relações Internacionais, Adriano Moreira, 85 anos, criticou o Estado que "legisla pela idade”, argumentando que em Portugal “confundimos a idade com a inutilidade”.

“Acho um critério absolutamente inaceitável”, sustentou.

Defendendo o aproveitamento da sabedoria e experiência dos séniores - os “cérebros topo de gama”, como lhes chamou Carlos Pinto Coelho -, Adriano Moreira lembrou o exemplo do antigo primeiro-ministro britânico Winston Churchill, que chegou ao cargo aos 65 anos.

“Foi chamado para liderar a Grã-Bretanha em plena II Guerra Mundial. Se não fosse ele, não tinham ganho a guerra”, recordou.

FONTE

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