Por um futuro saudável, quarentões buscam geriatras
Os geriatras, especializados na saúde das pessoas com mais de 60 anos, começam a ser procurados por pessoas cada vez mais jovens. O principal interesse desses pacientes a princípio deslocados é saber o que podem fazer agora para ter uma velhice saudável lá na frente.
Um desses pacientes é a nutricionista Geórgia Schwern Lewgoy, que tem 43 anos. "O geriatra vê você como um todo hoje, mas de olho no amanhã. Eu me consulto com ele porque quero viver mais e melhor", diz ela.
Seguindo à risca as orientações do novo médico, Geórgia deixou de ser sedentária - não passa um dia sem fazer caminhada. Passou a exercitar mais a mente - lê os jornais e procura estudar. E começou a se alimentar melhor - verduras, legumes e frutas nunca faltam na geladeira.
Por causa dos exames que o geriatra pediu, a nutricionista descobriu que tem osteopenia, um processo de envelhecimento dos ossos que se não for tratado pode levar à osteoporose.
A economista Ângela Thereza Added, de 48 anos, está no mesmo grupo. "Quando sabem que tenho um geriatra, as pessoas riem de mim. Dizem: 'Quer dizer que já está velha, então?' Eu não me incomodo. Estou cuidando da minha saúde", afirma.
Ângela vai ao mesmo geriatra que tratou sua avó e agora cuida de sua mãe. "Ele acompanha muito a parte psicológica da minha mãe, que teve problemas de depressão. Conversa bastante, coisa que outros médicos não fazem. O médico tem de ser sensível, atencioso, paciente e gostar do que faz."
Quando começou a atender, o geriatra Alberto de Macedo Soares, professor da Faculdade de Ciências Médicas de Santos, só aceitava pacientes com mais de 60 anos. Deixou de lado a idade quando começou a ver na TV médicos que prometiam retardar o envelhecimento com antioxidantes e remédios ortomoleculares. "Não existe elixir da juventude. Atendi vários pacientes que gastaram fortunas com remédios que não fazem efeito. Recebo esses pacientes mais novos para alertá-los sobre esses farsantes. Em alguns casos, até oriento que entrem na Justiça. Pode-se melhorar a qualidade do envelhecimento, mas não se pode evitá-lo."
O número no Brasil continua ínfimo quando comparado com outras especialidades. As mulheres, por exemplo, têm mais de 10 mil ginecologistas. E as crianças, pelo menos 7 mil pediatras.
Os médicos têm uma explicação. "A geriatria se desenvolveu na Europa nos anos 50, mas só chegou ao Brasil nos anos 70. É uma especialidade muito nova", diz o geriatra Eurico Carvalho Filho, o responsável pela inclusão da especialidade na Faculdade de Medicina da USP e no Hospital das Clínicas (HC).
Mesmo após três décadas dos primeiros passos, a especialidade que trata dos idosos ainda é um recém-nascido na medicina. Além do HC, só mais 14 hospitais oferecem residência na área. E nem todas as vagas conseguem ser preenchidas.
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