Chega de Saudade (2 )
Os bailes são ainda o lugar onde há pessoas de grupos diferentes, com interesses também distintos, um microcosmo da vida. Há os que timidamente aprenderam a dançar com o intuito de buscar uma parceira ou parceiro, há gente viúva (a maioria), separados, solteiros, namorados ou ainda aqueles casados que vão ao salão porque geralmente não têm um (a) companheiro (a) que compartilhe do gosto pela dança...
Também há aquele grupo formado por pessoas que entraram na dança e perceberam que levam jeito, e que jeito!
Dançam divinamente, e é possível ficar ali só olhando e se deliciando com suas rápidas e certeiras passadas. São leves, dançam com um charme natural, com aquele dom que nos aproxima do divino.
Dançam divinamente, e é possível ficar ali só olhando e se deliciando com suas rápidas e certeiras passadas. São leves, dançam com um charme natural, com aquele dom que nos aproxima do divino.
E há um outro grupo ainda que chama atenção: a turma do 171. Do que se trata? Estelionatários? São os homens que vão ao salão para perceber quem está precisando de elogios, quem é novo no pedaço e pode ser uma presa fácil para se tirar alguma vantagem. Também são charmosos, carismáticos e educadíssimos, transitam de baile em baile para não darem na vista.
Comparando com os bailes da terceira idade com os bailes de jovens, percebemos uma série de similaridades – como a paquera, o jogo da sedução, a vontade de impressionar o sexo oposto, a competição, o ciúme. Mas também notamos que a turma mais madura por vezes está muito mais empenhada em se divertir e em aproveitar o momento do que muitos jovens que vemos por aí.
A urgência em viver, talvez, os faça assim. Mas nós preferimos pensar que a experiência, os anos já vividos e a maturidade os transformou em seres humanos mais completos e felizes, que perderam o medo de ousar e de ir ao encontro de seus desejos. Assim como a mulher de Chico Buarque e Vinícius em Valsinha, os idosos do Lar Nossa Senhora da Conceição e os que conhecemos nos muitos bailes de São Paulo, não querem só comida. Querem comida, diversão e arte. Querem bebida, diversão, balé. Querem prazer para aliviar a dor. E encontram tudo isso num Baile.
Autores: Cléber Leôncio, Ilza Trabachin Ferraz, Marcella Machado, Maria Lígia Pagenotto, Nádia Loureiro Ferreira, Pedro Sammarco e Sônia Fuentes
PUC-SP. Este texto foi elaborado a partir de uma pesquisa feita nos diversos Bailes de São Paulo para cumprimento de créditos em Atividade Programada para o Nepe (Núcleo de Estudos do Envelhecimento), que teve como tema “O Baile”.
1 comentários:
Adoramos, você tem colocado mat~erias muito interessantes parabens ao Sr.Carlos as dicas são muito boas. abracos
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