MUDAMOS DE ENDEREÇO

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segunda-feira, 4 de agosto de 2008

AIDS na Melhor idade.


R. descobriu que tinha o vírus HIV aos 50 anos. Ela foi infectada pelo namorado que conheceu em um dos bailes de terceira idade que começou a freqüentar depois de ficar viúva. Hoje tem 72 anos, mantém segredo sobre a questão e faz parte de um número cada vez maior de idosos no Brasil contaminados pelo vírus que causa a AIDS.

"Quanto menos souberem a meu respeito melhor. Tenho dois filhos e dois netos, mas só um sabe que sou portadora do HIV. Tudo começou quando o pai deles morreu. Eu era mais ou menos jovem, tinha 50 anos, e resolvi aproveitar a vida", conta a aposentada.

Doente há 22 anos, R. já passou por várias fases: do pessimismo à resignação, e da resignação a uma espécie de otimismo preventivo. "Com o tempo, comecei a pensar: pelo menos vou manter meu otimismo. Vou morrer no mesmo dia que eu morreria se estivesse pessimista! Vamos ser otimistas, então", afirma.

  • Índice sobe

A história de R. é apenas uma das mais de 4 mil histórias de brasileiros com mais de 50 anos que portam o vírus HIV. De acordo com o "Boletim Epidemiológico AIDS/DST" divulgado pelo Ministério da Saúde, o número de pessoas com 50 anos ou mais infectadas subiu 171% de 1995 a 2005.

Em dez anos, o número de casos registrados passou de 1.528 para 4.153. Portadoras de HIV acima de 60 anos, como R., eram 100 em 95; em 2005 passaram a 397.

Os números refletem duas realidades completamente diferentes. De um lado, a evolução no controle do vírus, que ampliou consideravelmente a expectativa de vida de pacientes com tratamento adequado. Do outro, o aumento do número de novos casos, questão que preocupa os infectologistas do país.

"Eles (da terceira idade) acham que são incólumes e não correm o risco de adquirir o HIV. Todas as campanhas feitas são voltadas para um público jovem. Nunca se colocou um idoso falando de cuidado com o sexo, de camisinha", analisa o infectologista Jean Carlo Gorinchteyn, que acompanha casos desse tipo no dois hospitais paulistanos em que atende. A paciente mais velha dele tem 91 anos.

Há 12 anos no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, referência no combate à Aids, Gorinchteyn aponta que a vida sexual na terceira idade envolve riscos semelhantes aos de outras fases da vida. A difusão dos remédios para disfunção erétil nos últimos anos tornou esses perigos ainda mais agudos.

"Homens que viveram uma época em que não havia camisinha voltaram a ter relações, mas nem pensam em usar camisinha", lamenta, lembrando que nem todos os homens tomam remédios para se relacionar com as esposas.

  • Rupturas

A descoberta da doença em pacientes acima de 50 anos tem impactos que ultrapassam o físico.

"Quando o diagnóstico sai, os laços de família sempre acabam comprometidos. Ou há rupturas ou há aproximações. O diagnóstico pode afastar as pessoas, principalmente quando já existem elos frouxos. Muitas vezes o paciente acaba sendo abandonado. Em outras famílias, os avós são cuidados pelos próprios netos".

A reação de esposas traídas que se descobrem infectadas vai da raiva à compaixão. "Normalmente, as mulheres são muito mais corteses", diz o médico, lembrando de um caso em que a mulher ameaçava matar o marido e, ao mesmo tempo, perguntava se, por causa do vírus, ele corria o risco de morrer.

"É uma situação bastante difícil. Acompanhei um casal que estava junto há 40 anos e ela descobriu que o marido era soro-positivo quando ele foi internado com pneumonia. Não é só o diagnóstico de uma doença. De repente, a pessoa percebe que está dormindo com um desconhecido. Um diagnóstico como esse revela hábitos que são desconhecidos", afirma.

Quando recebem apoio de amigos e parentes, os pacientes da terceira idade tendem a seguir com mais rigor o tratamento do que os mais jovens. "Eles usam a medicação com muito mais rigor, mais zelo. O idoso sabe o horário, sabe como tomar o remédio", completa o infectologista.

A aposentada R. parece comprovar a tese. "Tenho feito o tratamento direitinho. Não sou doente, só tenho HIV", assegura.

Texto extraido do G1

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