MUDAMOS DE ENDEREÇO

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sábado, 13 de dezembro de 2008

Chega de Saudade (2 )

Os bailes são ainda o lugar onde há pessoas de grupos diferentes, com interesses também distintos, um microcosmo da vida. Há os que timidamente aprenderam a dançar com o intuito de buscar uma parceira ou parceiro, há gente viúva (a maioria), separados, solteiros, namorados ou ainda aqueles casados que vão ao salão porque geralmente não têm um (a) companheiro (a) que compartilhe do gosto pela dança...
Também há aquele grupo formado por pessoas que entraram na dança e perceberam que levam jeito, e que jeito!
Dançam divinamente, e é possível ficar ali só olhando e se deliciando com suas rápidas e certeiras passadas. São leves, dançam com um charme natural, com aquele dom que nos aproxima do divino.
E há um outro grupo ainda que chama atenção: a turma do 171. Do que se trata? Estelionatários? São os homens que vão ao salão para perceber quem está precisando de elogios, quem é novo no pedaço e pode ser uma presa fácil para se tirar alguma vantagem. Também são charmosos, carismáticos e educadíssimos, transitam de baile em baile para não darem na vista.

Comparando com os bailes da terceira idade com os bailes de jovens, percebemos uma série de similaridades – como a paquera, o jogo da sedução, a vontade de impressionar o sexo oposto, a competição, o ciúme. Mas também notamos que a turma mais madura por vezes está muito mais empenhada em se divertir e em aproveitar o momento do que muitos jovens que vemos por aí.

A urgência em viver, talvez, os faça assim. Mas nós preferimos pensar que a experiência, os anos já vividos e a maturidade os transformou em seres humanos mais completos e felizes, que perderam o medo de ousar e de ir ao encontro de seus desejos. Assim como a mulher de Chico Buarque e Vinícius em Valsinha, os idosos do Lar Nossa Senhora da Conceição e os que conhecemos nos muitos bailes de São Paulo, não querem só comida. Querem comida, diversão e arte. Querem bebida, diversão, balé. Querem prazer para aliviar a dor. E encontram tudo isso num Baile.

Autores: Cléber Leôncio, Ilza Trabachin Ferraz, Marcella Machado, Maria Lígia Pagenotto, Nádia Loureiro Ferreira, Pedro Sammarco e Sônia Fuentes
PUC-SP. Este texto foi elaborado a partir de uma pesquisa feita nos diversos Bailes de São Paulo para cumprimento de créditos em Atividade Programada para o Nepe (Núcleo de Estudos do Envelhecimento), que teve como tema “O Baile”.

Chega de Saudade (1 )


Quem freqüenta bailes sabe que esses espaços nunca poderiam ser definidos como local onde as pessoas dançam embaladas ao som de uma música qualquer. O baile é muito mais do que isso: o que está em jogo ali são corpos se movimentando na procura de seu ritmo e cadência próprias, suando, pulsando, exalando vida e alegria, expressão. Misturando-se na embriaguez dos ritmos, dos sons, das músicas, dos embalos, dos vários conjuntos que compõem aquele quadro vivo de fantasia e de quase irrealidade. Quase irreal em se tratando de idosos que dançam, pois a sociedade se acostumou a não ver idosos atuantes e felizes dentro de um baile.
Nossa própria visão do idoso no baile era muito romântica. Imaginávamos ele um ser frágil, sentado, observando o que conseguisse e dançando com quem aparecesse, com o único intuito de passar o tempo e  alimentar um  certo saudosismo pelos anos que ficaram para trás.
A vida acontece ali e agora, naquele espaço do baile, para esses grupos de cidadãos dançantes. O baile é o espaço de socialização por excelência – há aulas para quem quer se aprimorar na maioria dos salões. Quem vai sozinho encontra amigos. Quem se aventura na dança esquece a artrose, a osteoporose, a dor na coluna. Esquece as contas a pagar, a aposentadoria aviltante, os familiares sem paciência. Esquece as perdas.

Quem se distrai perde o passo, sai do ritmo. É preciso estar ali por inteiro, cabeça e corpo. E para dançar bem é preciso estar em forma, claro! Por isso os dançarinos de salão costumam freqüentar hidroginástica, fazer alongamento, yoga.
das amizades e do encontro que nasce nas pistas são levados a fazer passeios em grupo, ir a cinemas e teatros.udo isso, claro, sem perder a disposição para atividades domésticas, como cuidar dos netos (de vez em quando, não todo dia, sem obrigação!), cozinhar, lavar e passar… Parece que a idade deu a essas pessoas mais experiência para aprender a planejar muito bem o tempo que se tem.

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