Saudade - Antonio Carlos da Silva(Carlito)
SAUDADE
 
 
De ti, meu pai, ilustre  desconhecido,
Que em meus verdes anos trocou de  dimensão
Guardo poucas lembranças, quase  nada,
Do nosso falso convívio em mínimos momentos.
 
Mágoas? Não as tenho. Não  consigo!
Apenas uma insípida  constatação
De que tua ausência em todos esses  anos
Deixou alguma coisa inacabada...
 
Tua cara vermelha, a barba por  fazer
E o cheiro da cachaça (tua  amiga!)
São as poucas memórias  (inefáveis!)
Que têm me acompanhado pela vida.
 
Herói? Talvez nem  tanto!
Foste um referencial  divinizado,
Exacerbado, quem  sabe,
Pela quase indolor carência.
 
Aguardo, sem a ânsia  doentia,
Pelo nosso reencontro já  traçado,
Quando falaremos e  ouviremos
Nossas verdades um ao outro.
 
E que eu possa nesse dia, frente a  frente,
Voltar a sentir a tua  barba
Arranhando meu rosto já  barbado
Acompanhados de uma cachacinha (of  course!) 
 
Carlito, 
Junho de 2004.
 

